Numbered
22. Her mother was 18.
Our grandmothers were 13. She
is a mother at 23.
The number is the stage
of unripe conviction
of compulsion
before composition
mind on the backseat
eat drink and be merry
an opulent husband. Read if
children books
and children are no waste!
Though some among them are
born numbered
The future
The future is an old rag
worn by some hope
in its naked lessness
I refuse to freeze in synopsis
I must drink some sun and outgrow
the habit of your dumping ground
It is a matter of preparing, now.
The future’s shoulders are burdened with expectations
In the muttering of the temple bell’s tong tong
I hear the deception with idols
To re-register a little later
would be a lessness of hope
The past was enough futuristic
to rob the futured present of itself
It is a matter of preparing now.
The mannequins
The mannequins
blink their eyes
at the dawn of shutters
And step out of
opaque windows
in clothes of their desire
tearing the veil of night
following starry lights
singing songs of freedom
like the Ocean let be
Until
the sun comes back
packing up the stars
The waves withdraw to the shores
and we all get back to our doors
living our scripted roles
The dark that (never) was
We seek light
however bright our dark is
We seek a light
that blinds us to our dark’s glow
The light we seek
makes us blind to
everything beyond
that white spot
The light we seek
binds us to a darkness
a definition
that never was
that will always be?
Numerada
22. A sua mãe tinha 18.
As nossas avós, 13. Ela
é uma mãe aos 23.
O número é o estágio
da convicção imatura
da compulsão
antes da composição
fica de olho no banco traseiro
coma beba e seja feliz
um marido opulento. Se ler
leia livros infantis
e filhos não são desperdício!
Ainda que alguns deles
nasçam numerados
O futuro
O futuro é um trapo roto
usurpado por alguma esperança
em sua nudez menosprezada
Recuso-me a congelar em sinopse
Devo beber um pouco do sol e superar
o hábito de seu menosprezo
Agora é uma questão de preparo.
Os ombros do futuro estão feridos de expectativas
Nos sinos balbuciantes do templo...b´lém, b´lém, b´lém...
Ouço a decepção com ídolos
Voltar a se inscrever um pouco mais tarde
seria uma falta de esperança
O passado já foi futurista o suficiente
para nos roubar este presente futurizado
Agora é uma questão de preparo.
Os manequins
Os manequins
piscam os olhos
no fechar das persianas
E saltam
janelas opacas
nas roupas que desejam
rasgando o véu da noite
seguindo as luzes das estrelas
cantando canções de liberdade
como o Oceano permite
até que
o sol retorna
recolhendo as estrelas
As ondas avançam pela costa
e todos nós retornamos as nossas casas
vivendo os nossos papéis roteirizados
A escuridão que (nunca) foi
Buscamos a luz
ainda que a nossa escuridão seja clara
Buscamos a luz
que nos cega do brilho de nossa própria escuridão
A luz que buscamos
torna-nos cegos a
tudo além
daquele ponto branco
A luz que buscamos
liga-nos a uma escuridão
uma definição
que nunca foi
que sempre será?
Shelly Bhoil
translated by Giselle Wolkoff
background artwork: Ramón Peralta
Shelly Bhoil nasceu na India e mora entre continentes. Poeta, acadêmica, doutora em Literatura Tibetana, participou do Finger lake´s Environmental Fim Festival Checkpoint Story Competition em Ithaca University, 2011 e foi vencedora do Concurso de Poesia Tahoe-SAFE Alliance nos EUA no mesmo ano. Foi uma das organizadoras da antologia 100 Grandes Poemas da Índia no Brasil, é responsável pelo Chá com Letras em São Paulo, tem feito da atuação feminina nas Artes um exemplo.
Shelly Bhoil was born in India and lives between continents. Poet, academic, doctor in Tibetan Literature, she took part in Finger Lake’s Environmental Film Festival Checkpoint Story Competition in Ithaca University, 2011 and also the winner of the Tahoe SAFE Alliance poetry contest in the US in 2011. Organizer of the anthology 100 Grandes Poemas da India no Brasil, she is in charge of the Tea with Letters in Sao Paulo, her feminine action in Arts has been an example.