É mais verdade o que de nós desconhecemos.
O resto é um papel que vamos decorando
E que o tempo pode nunca descorar.
Memória persistente, esse momento.
No jardim da minha casa, a relva cresce
à beira da escuridão onde se precipitam
os desejos impossíveis.
Digo à minha mãe que agora sou Anita.
Anita, também cinco letras, quase lá
Tinha cinco anos e o nome roubado a uma menina
Que podia ser o orgulho de qualquer pai.
Sem saber, um caminho:
Ana, Anita, André
Três pontos definem um plano.
Havia no entanto livros de que gostava mais
Havia Pablo, que nasceu pinguim
Mas detestava o frio
e um outro
Sobre um esquilo que julgava ser um gato
Porque se via pelos olhos da mãe.
André Tecedeiro
Nasceu em Santarém (Portugal) em 1979. É artista plástico, licenciado em pintura pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e mestre em Artes Plasticas Intermedia pela Universidade de Évora. Já se chamou Ana, e foi com esse nome que assinou os seus dois primeiros livros de poesia: Rebento-Ladrão (ed. Tea For One) e Deitar a Trazer (ed. Douda Correria). Agora chama-se André, estuda psicologia e continua a escrever.
Born in Santarém (Portugal) in 1979. Visual artist, graduated in painting from Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, with a masters degree in Visual Arts Intermedia from Universidade de Évora. Once he was called Ana, and published under that name his two books of poems: Rebento-Ladrão (ed. Tea For One) and Deitar a Trazer (ed. Douda Correria). Now he is called André, he continues writing and studies psychology.