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"Reserved"

 

حاولتُ مرّةً أَن أَجلس

على واحدٍ مِنْ مقاعدِ الأَمل الشاغرة

لكنّ كلمة reserved

كانت تُقْعي هناك كالضبع

 

(لم أَجلس، ولم يجلس أَحد)

 

مقاعدُ الأَمل دائماً محجوزة. 

“Reserved”

 

I once tried to sit

on one of the vacant seats of hope

but the word “reserved”

was squatting there like a hyena

 

(I did not sit down, no one sat down)

 

The seats of hope are always reserved

 

 

“Reserved”

 

Uma vez tentei sentar

em um dos assentos vagos da esperança

mas a palavra “reserved”

me encarava como uma hiena

 

(Eu não me sentei, ninguém se sentou)

 

Os assentos da esperança estão sempre reservados

 

نوم في غزّة

سأَنام يا فادوس مثلما ينام الناس والطائراتُ تَضْرِبُ

والهواءُ يتمزَّق

كاللَّحم الحيّ

سأَحلم إذن بالخيانات

مثلما يحلم الذين ينامون والطائرات تَضْرِبُ

 

سأَستيقظ في الظهيرة لأَسأَل الراديو- مثلما يسأَلُ الناس:

هل توقّف القصفُ؟ وكم صار عدد الذين قُتلوا؟

 

لكنّ مأَساتي يا فادوس

أَنّ الناس نوعان:

الذين يُلقون عذاباتهم وخطاياهم على قوارع الطُرق ليناموا

والذين يجمعون عذابات الناس وخطاياهم على هيئة صلبان ويسيرون بها في شوارع بابل وغزّة وبيروت

وهم يصيحون: هل مِنْ مزيد

               هل مِنْ مزيد

 

قبل سنتين كنتُ في شوارع "الضاحية الجنوبيّة" أَجرُّ صليباً بحجم العمارات

لكن، من يحمل اليوم صليباً عن ظهر مُتْعَبٍ في أورشليم؟

 

الأَرض ثلاثة مسامير

والرحمة مِطْرَقة

اضرب يا ربّ

اضرب مع الطائرات

 

هل مِنْ مزيد؟

Sleeping in Gaza

 

Fado, I’ll sleep like people do

when shells are falling

and the sky is torn like living flesh

I’ll dream, then, like people do

when shells are falling:

I’ll dream of betrayals

 

I’ll wake at noon and ask the radio

the questions people ask of it:

Is the shelling over?

How many were killed?

 

But my tragedy, Fado,

is that there are two types of people:

those who cast their suffering and sins

into the streets so they can sleep

and those who collect the people’s suffering and sins

mold them into crosses, and parade them

through the streets of Babylon and Gaza and Beirut

all the while crying

Are there any more to come?

Are there any more to come?

 

Two years ago I walked through the streets

of Dahieh, in southern Beirut

and dragged a cross

as large as the wrecked buildings

But who today will lift a cross

from the back of a weary man in Jerusalem?

 

The earth is three nails

and mercy a hammer:

Strike, Lord

Strike with the planes

 

Are there any more to come?

December 2008

Dormindo em Gaza

 

Fado, vou dormir como as pessoas dormem

quando bombas estão caindo

e o céu se rompe em carne viva

Vou sonhar, então, como as pessoas sonham

quando bombas estão caindo:

Vou sonhar com traições

Vou acordar ao meio dia e fazer à rádio

as perguntas que as pessoas fazem:

O bombardeio acabou?

Quantos foram mortos?

 

Mas minha tragédia, Fado,

é que há dois tipos de pessoas:

aquelas que jogam seus sofrimentos e pecados

nas ruas para que possam dormir

e aquelas que catam os sofrimentos e pecados das outras

moldam-nos em cruzes e desfilam

pelas ruas de Babilônia e Gaza e Beirute

gritando sem parar

Há ainda mais por vir?

Há ainda mais por vir?

 

Há dois anos andei pelas ruas

de Dahieh, ao sul de Beirute

e carreguei uma cruz

tão grande quanto as casas destruídas

Mas quem vai levantar hoje uma cruz

das costas de um homem exausto em Jerusalém?

 

A terra são três pregos

e a misericórdia um martelo:

Ataque, Senhor

Ataque com os aviões

 

Há ainda mais por vir?

 

Dezembro, 2008

Njawan Darwish

Translated to English by Kareem James Abu-Zeid

Translated to Portuguese by Thiago Ponce de Moraes

NAJWAN DARWISH (Jerusalém, 1978) é um dos mais destacados poetas de língua árabe de sua geração. Darwish vem conduzindo muitos projetos artísticos, e atua como conselheiro literário do Festival Palestino de Literatura. Em 2009, fundou uma editora em Jerusalém, Al-Feel Publications. Ele é editor chefe nas seções de artes e de cultura. do jornal pan-arábico Al-Araby Al Jadeed. A poesia de Najwan Darwish é influenciada pelas tradições arábicas e ocidentais, tanto clássicas quanto modernas, bem como pela poesia sufi. Ele explora temas como a fé, o poder e o trauma para lançar interrogações à história e ao status quo. Sua obra já foi traduzida para mais de quinze línguas e tem sido publicada amplamente em todo o mundo.

 

NAJWAN DARWISH (Jerusalém, 1978) is one of the foremost um Arabic-language poets of his generation. Darwish is involved in several artistic projects, and serves as the literary advisor of the Palestine Festival of Literature. In 2009, he founded a publishing house in Jerusalem, Al-Feel Publications. He is currently the Chief Editor of the Cultural Section for Al-Araby Al Jadeed newspaper. His poetry is influenced by classic and modern Arabian and Western traditions, as well as by sufi poetry. He explores themes such as Faith, power and trauma, raising questions to history and status quo. His poetry was translated into more than fifteen languages, and has been published all around the world. 

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