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1.

DAQUI TE AMO


daqui te amo, amor.
o horizonte não pode ocultar a tua imagem
que guardo na memória.
são tristes estes dias quando cai a tarde.
se cansa a minha vida esfomeada pelo teu amor.
meus beijos viajam em barcos
que correm por mares sem um porto para chegar.
amo o que não tenho. estás tão longe.
tem um nome o amor


 

2.

UMA PALAVRA NÃO É DE QUEM ESTÁ DIZENDO


sem sol
sem lua
sem nada

sem mar
sem sal
sem grana

sem rumo
sem rio
sem riso

o que veremos
logo chamaremos
exílio

uma palavra não é
de quem está dizendo
é de quem está ouvindo


 

3.

O QUE ESCREVI

o que escrevi
o que senti


fonte e sede
barco e rede


o mar não beberá
o sol não queimará

a poesia renascerá
do amor e do olhar

no choro e no riso
no gozo e no início

um 19 de abril
um toque em teu quadril



 

4.
 

ENTRE OS DENTES DA SAUDADE

entre os dentes da saudade
abrigo o meu sossego
— como a pausa na água —
os dias alimentam com pólen 
a esperança
é por amor que eu te preciso
é por amor que eu te espero

VANDERLEY MENDONÇA

Arte: Ramón Peralta

Vanderley Mendonça é poeta, tradutor e editor dos selos Demônio Negro e Edith. Traduziu, entre outros livros, Poesia Vista, antologia bilíngue do poeta catalão Joan Brossa (Ateliê, 2005), Crimes Exemplares, de Max Aub (Amauta, 2003), Nunca aos Domingos, de Francisco Hinojosa (Amauta, 2005) e Greguerías, de Ramón Gómez de la Serna (Selo Demônio Ngero, 2010). É autor do livro Iluminuras (Patuá, 2013).

 

Vanderley Mendonça is a poet, translator and publisher of small presses Demônio Negro and Edith. He has translated, among other works, Poesia Vista, a bilingual anthology of Catalan poet Joan Brossa (Ateliê, 2005), Crimes Exemplares, by Max Aub (Amauta, 2003), Nunca aos Domingos, by Francisco Hinojosa (Amauta, 2005) and Greguerías, by Ramón Gómez de La Serna (Selo Demônio Negro, 2010). He published a book of poemas, Iluminuras (Ed. Patuá, 2013).  

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